Monday, October 30, 2006

PEDRO VELHACO
CADE A MANNY

Tuesday, October 24, 2006

"Idéias são coisas que os jovens carregam pra se iludir"

E ontem eu tava na aula de um dinossauro, um tanto entediado, e um livro chama minha atenção em cima da mesa de uma colega. "Adolescência Normal - Enfoque Psicanalítico" Uau! Eu tenho que ver essa pérola.
- Oi, por favor, eu posso dar uma olhada nesse livro? O título me chamou a atenção.
- Claro, pega. Ele é muito bom.
Eu meio que me rindo dei uma folheada, e no índice encontrei o último capítulo: "O adolescente e a atualidade". Aliás, o livro era de 1981. Me deparei com uma série de bla bla blás que já não eram muito atuais nos anos 80, o que dizer do começo do ´século XXI e das mudanças de consumo e desenvolvimento hormonal dos adolescentes.
- Gurias, desculpa, não quero ser grosseiro mas essa bibliografia ta completamente desatualizada, isso aqui fala de movimentos e subjetividades e tudo que não existe mais. O mundo mudou, aqui diz que a menina tem a adolescência dos 12 aos 21 anos e o menino dos 13 aos 25, mas agora já temos adolescentes de 40 anos!
- Ai, mas é que as coisas mudaram sim, mas tem que ver o que é o mais certo.
- Olha, o mais certo já acabou. Nós crescemos com propagandas de cigarro, e era menos errado fumar cigarro. Hoje em dia existe uma intolerância ao tabaco muito forte, e é o mais certo não fumar, ok? Então, esses mais certos aí de período de adolescência, mudanças e dinâmicas não existe mais, já foi, passou, já deu, c´est fini, caput.
..
- Mas é um clássico esse livro.
Claro que o livro é um clássico, ele fala de pessoas de alguma época clássica. O problema é que quem tava usando ele pra lançar um olhar na atualidade e pra fazer clínica com ele eram duas estudantes de psicologia quase formadas, por indicação de algum dinossauro como aquele que tava nos dando aula. Eu cheguei a falar em esquizoanálise e teorias sociais contemporâneas, mas elas não deram a menor bola, só defenderam o delas :/
Tá, se fosse gente séria tava fazendo engenharia mecânica mesmo, deixa assim. Saí da aula (vou pular um episódio da narrativa) peguei o T4 e chegando ali perto da Amrigs, que é uma associação de médicos do Rio Grande do Sul, eles colocaram dentro dela três enormes e bem iluminados outdoors da coca cola. Ta, não que coca cola seja o demônio pra saúde, mas os caras com certeza ganharam muita grana pra colocar os outdoors. Um pouco mais atrás tinha um outdoor enorme da campanha do fumo zero, pra promover a saúde. Agora eu me pergunto, "por que esses médicos fuinhas, que se dizem promotores da saúde, até senhores da saúde, fazem campanhas pras pessoas pararem de fumar de maneira radical, parecendo grandes puristas, mas na hora de botar um outdoor dentro das suas dependências, não botam nada daqueles sucos de soja ruins ou sucos naturais, botam da porra da coca cola , que é cheia de açucar e enche eles de pacientes diabéticos depois". Tudo bem que a macacada sempre se vende, aqui a gente convive com a indecência, o absurdo e os valores morais servindo de matéria prima pras piadas, da turma do didi à política. Mas esses macacos de roupa branca só se vendem sempre por MUITAS bananas, lembrem disso.
Fabrício Peponto

Friday, October 20, 2006

- Sabe.. eu tava pensando. Acho que no fim, nós estamos mesmo sozinhos. Não é tão terrível assim quanto soa, quem não gostaria de ser auto-suficiente?

- Eu não sei. Sei sim, eu não queria ser auto-suficiente.

- Por quê?

(Porque tenho medo de mim. Às vezes acho que a pessoa com quem mais tenho medo de ficar sozinha sou eu. Meus pensamentos me tomam e minhas palavras me machucam. Vai ver é por isso que eu to sempre bebendo água, é tanta coisa cuspida dentro de mim e tanto que eu estorvo que minha boca seca. Mas claro, aí me vem aquele dilema: parece que só eu vejo as pessoas com suas vidas tão vazias.. e ao mesmo tempo tão cheias que parece que eu vou me afogar no meio delas. Não sei se prefiro estar no meio delas, não quero me afogar. Mas aí eu fico estancada, porque também não quero afundar demais dentro de mim mesma. E é aí que vem a dúvida; eu não vou pra frente nem pra trás, e eu preciso de movimento, ação, e apesar das palavras na minha cabeça me confundirem parecendo me preencher a ponto de eu achar que ela vai estourar, que chegou ao limite e eu não aguento, eu preciso de ações, nem que sejam ações dessas pessoas pra mim vazias ou não-suficientes, pelo menos eu consigo cravar minha poucas unhas nelas e me segurar e não cair. Porque eu acho que tudo tem um equilíbrio, não que eu acredite ou busque explicações espirituais, mas é como uma balança mesmo, se um lado pesa demais você cai (e assim eu caio dentro de mim), então sou forçada a me segurar nas pessoas, pra não viver só dentro da minha cabeça e isso não pesar e eu não cair).

- Ah, porque... sei lá.

(Texto por Manoela F. Ribeiro, invasora-convidada)

Thursday, October 19, 2006

Eu só escrevo porque sou louco. Essa fagulha intrínseca e ilusória que acompanha toda a condição de existência humana se reflete e se explica em todos meus atos, pensamentos e contextos, por vezes é impulso de vida e beleza, encontra-se com um mar revolto de contradições que se chocam contra os fiordes sólidos da realidade – entrecortam a fibra de meu movimento – Assim se justifica e é reafirmado, como única fuga possível ao absurdo. Etmologicamente busco uma certa coesão entre as palavras que utilizo, tão pausadamente, para dar vazão à este paradoxo que se expele de meus pulmões e coração incessantes, intermitentes e incertos quanto a sua força de vida. O ar me falta e o peito palpita num corpo doente de amor. Sim, nas primeiras linhas o mistério, tão cuidadosamente arquitetado para se parecer com uma idéia, projeta-se como um vômito de verdades dos meus falsos e defensivos sentimentos, esses caracteres tão displicentemente impressos como lágrimas covardes e receosas de serem choradas, pois é assim que busco minha catarse, alguma paz e a promessa de um dia saber... como se escreve aconchego?
Fujo mais uma vez de meu desespero em abordar o tema central, sentindo alguma firmeza nos braços finos e de ossos salientes, as órbitas oculares que perscrutam o vazio se transformar em uma história fulguram algum fogo que se pensava extinto já há certo tempo. Poderia começar a desenhar meu mundo à partir de meus olhos preocupados, traçando sobrancelhas e um rosto com traços de curiosidade, seguindo uma pessoa e um mundo a dar cor , sentido e distâncias para o decorrer de uma vida datada e transfigurada em prosa, de beleza ímpar e andamento engenhoso. Mas este não sou eu, esse seria o monstro cerebral que abrigo em mim, monstro que busca em todos os momentos se separar do resto do mundo, se tornando um indivíduo a divisar os limites e o compasso desta história, mas este não sou eu.

O que é o invisível? – Pergunta uma criança a si mesma. – É aquilo que não podemos ver. Anos depois ela se faz a mesma pergunta – e se eu vir o invisível, como vou saber se o estou vendo ou não?

O limite estético e sensível me confronta a todo momento. É nesta linha tênue e tão verossímil que escrevo os quem, como, quando, e os porques. Toda história de vida se encontra em um momento ou outro com a minha forma de perceber. Daqui começo a minha dança com o par mais invisível e poderoso com que irei me deparar.
-- É a melhor coisa que já saiu de mim --
Fa

Friday, October 13, 2006

(...)



Desenho por Pedro, texto por Fabrício!

Era uma vez então, Manny. Manny, a morsa que como toda morsa nadava de cá pra lá sem se preocupar muito, abocanhando uns peixes e umas lulinhas quando sentia fome.
Certa vez, após muito cantar com seu rouco lamento músicas sessentistas, Manny recebe uma correspondência das belugas carteiras. - O que será? Pensou Manny
Uma nova estação televisiva com parabólicas imensas e um guia de assinatura de tv privada por satélite. Uau! Que imagem linda, pensou Manny, enquanto via leões no animal planet e ria da falta de sincronia dos seriados com aqueles macacos pelados, além de se entristecer com o bom e velho urso marxista que agora bebia uma bebida escura de garrafas avermelhadas. Pobre Manny, que não sabia o que lhe seria cobrada no dia 5 do próximo mês.
Foi assim que em mais uma manhã fria no polo sul um terrivel povo veio a Manny, munido de metralhadoras, facas, papéis à serem assinados e rádios à pilha. Eram os temíveis SEALS à procura de Petróleo! Eles se disseram parte do programa "petróleo por entretenimento", ao qual Manny devia 10 anos de uso de suas reservas, suas terras e gelo em volta delas, por ter aceito o material promocional do exército de salvação SEAL. Já havia um acordo de livre uso através do programa, o qual empurravam com suas patas nadadeiras sujas nos bigodes de Manny. Eis que Manny, um tanto incrédula e nervosa, resolve entrar no jogo deles.
Com uma metralhadora em cada mão, fuzila cruelmente todo o exército de salvação, atirando granadas com seu rabo nos barcos e botes do exército de salvação.
"Filhos da puta, pensou Manny. Eles não notaram que além de me tirarem a inocência e a lucidez, me deram o Rambo III"

Tuesday, October 10, 2006

New sensation




Like the song!

Post atualizado com as falas menorzinhas, mais ou menos como era antes^^

Já tive trabalho o suficiente com o quadrinho, o Fabrício edita o post e bota um texto pertinente^^

Abraços!!!

Manny anda preocupada.
Após viajar por tantos mares já despreocupada dos grandes terrores do século XX, vivia feliz ao lado do consumível e cyberpop começo de século onde tubarão não é mais nome de animal, e sim de um filme cult, e bomba atômica é "uma coisa que os macacos pelados usaram pra substituir seus pênis por um tempo mas não deu certo". Só que nessas, ela parou ali por Bangkok e leu notícias nos jornais de que homenzinhos amarelos, violentos e lutadores de taekwondo agora andavam armados até as ogivas também. Homenzinhos corriam de um lado para o outro, falando em conflito eminente e poderios bélicos.
Tolos, pensou Manny. Se exibindo com essas bombinhas e disputando o mundo sempre no tapa. Quando eles souberem que os seus testes nucleares criaram outros monstros além do Godzilla, aí será tarde, e é a MMMMMIIIM que vão responder ¬¬

Thursday, October 05, 2006

Renegado


Seus altos executivos circulam num mundo de fanatismo e devoção, venerando o onipresente deus Naiq/ Mesmo quando deveriam estar de folga, eles não param de pesquisar. Investigando as ruas, buscando novas pistas. Há décadas eles vêm comprando e subornando congressistas, democratas, modernos, liberais, patrocinando campanhas presidenciais, financiando planos de governo, armando, tramando novos consórcios globais que assumem rapidamente o controle de imensos e estratégicos patrimônios estatais - enfim, conquistando pequenos, médios e grandes mercados emergentes em todos os continentes, aquilo que antes chamávamos de países.
Renegado, batedor sou.
Não, não, não estamos falando só de macroeconomia ou geopolítica. Estamos falando de mutações, instituições, partidos, valores e concepções (religiões, no final das contas) que se anulam ou se reciclam vulgarmente a cada rotação da terra. De almas e mentes mutantes. Dos abjetos seres PDM – Portadores de Deficiência Moral. Mas exibindo seus reluzentes celulares digitais, palm-tops, pára-brisas blindados e bonés Naiq, esses são apenas os patéticos vilões da nossa história. Para enquadrarmos os heróis, temos que deslocar o cenário. Visualizemos uma zona metropolitana de um mercado decadente, berço de um verdadeiro exército de desajustados batedores. Becos da fome... Cassetetes...Escopetas...
Nesse ambiente hostil, a senha para a sobrevivência consiste numa resposta equilibrada para um recorrente conflito. De um lado a duvidosa e farsesca resistência das consagradas tradições, e de outro a perigosa sedução das antenas...”

Mas o batedor não come na mão de ninguém, não rezamos na cartilha dos Naiqmen, nosso combustivel é som. Não aquele contaminado que as donas de casa disputam nas prateleiras de ofertas dos grandes magazines incorporados só porque já ouviram um milhão de vezes nos Nike espaces, templos sagrados de Sir Nike, que nunca serão atingidos por míssei perdidos.
Sentimos de longe o cheiro da diluição incorporada
Estamos sempre nas quebradas e temos o poder de absorver só a batida que jamais fica batida

Fala por si só e não é um manifesto, só uma música do Mundo Livre S/A

Wednesday, October 04, 2006

Essa coisa de momentos



Eu tava pensando hoje nessa coisa de quando a gente olha por uma janela estranha e vê o sol nascendo no meio das nuvens e se sente muito bem com isso. Agora é noite, minha janela só traz um vento e um som de noite e de qualquer coisa de ansiedade pré viagem.
O ponto todo que eu quero passar nisso aqui é bem simples, mas vou levar do meu jeito enrolado. Sempre tive uma queda ao Domjuandemarquismo e afins por pura sobrevivência, quase pura talvez por algum gosto à priori pela coisa. Nas últimas noites tenho sonhado que estou caindo na piscina com o celular ligado e ele estraga e dá uns choques com uns raios azuis, ou que brigo com meu irmão, ou que acordo e no celular já são 11 horas. Acordo depois com o despertador as 9 e completamente cansado. Isso de dormir era pra me ajudar a fugir da vida, abrir um espaço num manto negro pra não ser, sem luz sem sol sem subjetividades e tudo mas sempre sonho, e há essa idade do campeonato já estou vivendo uma vida dupla, como se fechasse os olhos e alguém me desse bom dia, mais um dia de sonho começando, aí digo, como o Pedro diria melhor com sua vozinha de sábio "serei uma borboleta que sonhou que era Fabrício ou um Fabrício que borbol... enfim, quando paro na frente do espelho, não tenho certeza se a imagem vai ou não me cumprimentar.
Isso não tem nada a ver com a idéia principal, mas era bom comentar pra entender de que tipo de cabeça partida estamos aqui falando. Estamos, porque eu falo e eu falo pra mim quando não sou eu que estou aqui dentro dela e essa coisa de eu vai ficando complicada, comigo. Me vem a imagem dos clipes do alice in chains e aquelas cores quase todas negativadas e como parece uma faca com serra no meu cérebro e vai cortando e vou imaginando pessoas se rasgando ao meio, como uma banana (mais um motivo pra eu não comer banana). Meu grande eterno e mais comum refúgio dessa eterna mais que dualidade duma cabeça que sai andando sozinha como se tivesse pernas sempre foram os olhos e o toque de uma mulher. A paixão, vinho, jantas, velas, sexo muito bem feito e aquele momento extremo em que tu vê o próprio reflexo em outros olhos, como na janela estranha, e ele congela todo o momento. Ali e só ali só o reflexo me fala: Fabrício, sou eu. Sim...sim, é só aqui que tu existe, o resto são cordas, empurrões e os ped....aços se estilhaçam e eu jogo meu corpo pra trás ou só relaxo os músculos. Não deve ser novidade, a melhor forma de um homem se perder sempre foram...
Acontece que eu tenho me abraçado e sentido meus poucos músculos deslizando na piscina toda semana e quando sol e quando durmo uma hora ou outra toco trompete e me sinto nisso bem mais íntegro que a loucura de ser apaixonado e não saber as próximas palavras que vão sair da boca nem se estou dormindo ou não ( o que não é nada prático quando se vai a aula de francês três vezes numa manhã). Agora eu sempre me dei pros meus amigos muito mais, vai ver, e eles não tem tanto problema de me apalpar e saber o que aqui é de verdade e o que não, sem piadas com vegetables na cueca, é claro. Nisso de cozinhar, ouvir música, assistir depois de 10 anos uma corrida de formula 1 inteira, voltar pra casa com o olho doendo e bastante sono, me encontrei como me encontro olhando pela janela, vendo o sol nascer, sendo visto pelos meus amigos. Eles não fazem a mínima idéia de quanto isso é importante pra mim, e do quanto me bota back together e confiante e momentâneo do jeito que sou mesmo, bem sem frescura. Meus sonhos não mudaram depois disso, e continuo me perdendo em outros momentos, mas sempre sei onde eu estou. É nos teus olhos e talvez em uns tubos de canetinha.
Talvez a idéia disso só fosse dizer que eu me perco em mim e nas minhas paixões e me encontro mesmo é nos meus amigos e no que eles sentem por mim, mas isso é mais a opinião que eu consigo formar do que eu to sentindo, já é meio fora né. Isso não é um dos meus textos contos, era só uma idéia mesmo que vale a pena ser exposta, até porque não pode sair por outros lados nestes dias tão semanais, no sentido maçante da palavra.
Fabrício Peponto em mais uma dele