Monday, August 21, 2006

verborréia múltipla 3 em 1

Cá estava eu nos arredores da cidade baixa de Porto Alegre, pegando um omnibus para me dirigir ao meu burguês apartamentinho de cinquentona quando entre infinitas fagulhas penso: "O que diabos é realmente o ódio?"
Temos quatrocentas e cinquenta e sete possíveis respostas pra esse dilema, mas a que me veio na cabeça no momento (agora já mudou, mas foda-se, o que importa de fato são os momentos) foi:
Ódio=Inveja.
Pense bem, seria tão fácil ser um cara que se rotula, porque nos limitando, limitamos nossos problemas, dramas, alegrias, amigos, locais e histórias. Cria-se uma barreira contra as outras tribos, rivalidades, briguinhas por causa de roupas e ideologias e voilá, temos mais um clichê. Desdo "pseudointelctual indie" até os mais comuns emos, metaleiros, etc... Todos são fundalmente iguais em sua pretensa rebeldia e real indiferença aos que os cerca de verdade, não apenas no seu limitado meio de convivência. Mas aí é que tá, ignore tudo que há de ofensivo no que eu disse e pense, de novo, seria fácil, muito fácil... Menos problemas e desafetos, desamores e menos labores. É muito fácil quando tem um livro de regras pra seguir, por isso os invejo, porque não consigo ser assim.
Esses dias veio um cara se dizendo "Thrasher" e me perguntando o que eu curtia, falando que usava bandanas, flanela, bonés pra cima, enfim, toda a estileira. Fiquei abismado com a capacidade do ser em reter sua atenção em apenas uma roupa, um tipo de música, e em saber se eu curtia thrash old school.
Claro que curto, meu estilo musical preferido é o thrash metal, mas perae, quem disse que isso me torna um "thrasher"? Eu não me autodefino, prefiro ouvir e vestir o que bem entender, acho algumas roupas e estilera anos 80 muito afudê, mas outras coisas nem tanto. Gosto do que gosto apenas. PONTO.
Não, não, não, eu não consigo viver "by the book", mesmo que seja aparentemente contra ele, não dá.
E eu tenho inveja de quem consegue, portanto tae, por isso odeio "tribos" e quem se mete com elas.
Mas como eu não sou "by the book", não tenho regras, portanto:
-Tenho amigos ue se autodefinem e não acho eles patéticos, apenas é a escolha deles, não a minha
-Foda-se tudo isso, dizer que odeia alguém por causa que esse alguém se autodefine de maneira patética também é se autodefinir como alguém que odeia algo, ou seja, se limitar.
-Isso torna todo o texto acima apenas uma breve divagação de como o ódio torna-se inveja ou vem dela, por vezes, talvez muitas, talvez poucas, talvez sempre, mas nunca nunca, não sei...
Viu como eu sou contraditório, mas não intelectualmente, acho, apenas dum jeito humano.

Voltando ao meu bairro semi-burguês, e me dirigindo a pé ao meu apê me vem outra mirabolante verborréia.
Caralho, já andaram no Menino Deus em qualquer horário do dia?
É triste, muito triste e decadente...
Mendigos e meninos de rua, todos devidamente drogados circulam num incessante círculo, inocentes e corrompidos ao mesmo tempo, todos eles.
Pobres seres, pobres físicamente, pobres mentalmente, pobres em muitos sentidos, caminhando como perdidos na névoa que se posta entre suas mentes chapadas e a realidade, como zumbis.
Daí percebi, EUREKA!
O Menino Deus é um jogo de videogame!
Mais especificamente Resident Evil 4.
São zumbis latino-americanos, semi-inteligentes e semi-conscientes, armados e famintos (e assim como os do jogo não é por cérebros...).
Ando desviando dos zumbis, no meu hábil controle.
Pego minha SigSauer, miro e... que diabos, eu nem conheço ele, deve ter filhos, mãe, pai, cachorro e esposa.
Como odiar algo que mal sabe de sua semi-existência, como desejar a morte ou a inexistência desse ser, desse, desse...HUMANO acima de tudo!
Que nem nós, que caga, mija, trepa e erra, não nessa mesma ordem.
Que chora e implora, que ama e destrói, que odeia e venera.
COMO???
Me sinto um pouco melhor e volto a jogar meu computador, a matar zumbis e hordas de inimigos.
Me sinto confortável, tirando a vida desses desumanos e frios "zeros" e "uns", que não amam nem vivem nem odeiam nem sentem.
Outra hora volto pro videogame real...

Uma prima querida viaja, outro primo querido se muda, e eu continuo aqui, esperando por algo absurdo acontecer...
OLHA SÓ!!!
Eu quase gabaritei matemática, informática e português no concurso!!!
Minha redação foi impecável e panfletária!
Vou passar?!?!
Não, peraí, me fudi na prova específica, que foi feita prum cara que trabalha a mais de ano em gráfica!
Ah, acontece, passarei na merda do vestibular então, finalmente.
Enchi o saco da minha vida de descascador de batatas profissional.
Veremos quantos ases eu terei na manga, e em que nível anda minha capacidade cerebral de autoenganação, e de distorcer a realidade a ponto de me tornar bom em matemática sem saber como e sem estudar nunca essa merda abstrata.
"ABSTRATA", que palavra estranha, junto com tantas outras que não parecem o que significam...
Diabos, vou acabar o meu logo.
Até mais!

:]

Sunday, August 20, 2006

São tantas formas de falar o que eu não quero falar

Engraçado? Tal qual um vampiro que ri, a caneta desliza seus passos, manchando a fola pautada do silêncio. Seria a expressão deste objeto em mãos uma forma de elaboração? A pena de metal busca reviver meus mitos e meus ritos, rasga o momento, movida nas pontas dos meus dedos como um dedo indicador acusador mas... tudo bem, escreve em uma velocidade mais fácil de enfrentar.
[Mordisco a tampa azul de plástico. Meus dentes só tem se fechado sobre essa artificialidade. Queria lembrar de alguma língua doce, algum momento de vida macia, realizadora. E o que é isso? Suco quente do sangue da presa correndo na minha boca]
Como a voz de um velho dos quadros de Rembrandt, ouço o sussurro mórbido em tons médios mediante a muralha que o cala, só fazendo reconhecer-se pelos bilhetes curtos que passa pelas frestas nas rochas por onde passam os ratos. A mão que os recebe nunca sabe se são bilhetes ou ratos, por isso é roída e rude nos movimentos, nunca tendo provado afago, agrado ou cumprimento. É mão viva que sonha com o mago do outro lado.
A garota é magra, branca e veste seus roller blades, balançando as pernas fora das grades da gaiola em que a puseram. São só uns quatro metros do chão, e ela não quer sair. Esta calada, com seu único braço jogado sobre as pernas, só que seus olhos dizem muito e eu já não consigo parar de olhar. Eu quero que ela fale comigo, sustente o som sibilante que corria até então entre os seus dentes, só que seus olhos me dizem muito e assim fico sem ter o que falar.
Essa garota não existe, se existisse teria os dois braços e carregaria uma pasta e livros, é só uma metáfora como a sombra do gato na parede tremendo à luz da tocha na rua, antevendo o tamanho e velocidade de suas garras no pássaro devorado pela manhã. Essas metáforas não existem, mas nelas também não existe um dragão que voa na tempestade, contorce e estrangula o gordo golem de carne que quando jovem o jurou de morte. Não existe o turbilhão de forma helicoidal que determina destinos, num vai e vem deixando o profundo óbvio e o cotidiano místico, encriptando essas mentiras. Me afoga nos poços escuros desse castelo, desse cenário.
São tantas formas de falar o que eu não quero falar, do que eu não quero falar que eu não quero falar.
Isso aí eu escrevi numa aula de psicanálise semestre passado e não tava sob o efeito de nada não. E fodam-se os golens.
Por Fabrício Peponto Viscardi

Thursday, August 17, 2006

Presumo...

Presunção.
A presunção é um dos nossos pedaços mais sujos.
Ao presumirmos que somos capazes de alguma coisa, estamos, ao mesmo tempo, sendo convencidos, orgulhosos,
arrogantes...
Como deixar de ter as próprias opiniões pré-concebidas? Como burlar os próprios preconceitos? Na verdade, como passar por cima de todos os "pre" e enganar a si mesmo?
Como deixar de pensar que somos um conjunto de moléculas agregadas guiadas por reações químicas?
Ainda não sei. Espero que um dia descubra.
Mas daí venho eu com essa minha presunção, dizendo o que fazer a tudo e todos, eu incluso...
Pedaço sujo.

Tuesday, August 15, 2006

Amantes e quase nada

Aprendi a gostar da madrugada nesse dia dos pais, de novo. Não no dia, que tem luz e pais e almoços e família forçosamente reunida, mas naquelas intermináveis líquidas e modeláveis horas que passavam de alguma forma paradigmática quântica enquanto eu socava farinha e água dentro de uma bacia. Tof pof, tof pof sfrehh fazia pam também batendo na pia de granito e eu ia deixando a maciez invisível da noite me abraçar e acompanhar meus braços enquanto nós dançávamos pelo tempo mas... nem importava o tempo. Tanto, affe, vamos dizer de novo, teeeempo que eu estava acordado e mal dormido da passada noite regada a vinho barato que as escadas da minha casa, o sofá a televisão ligada a luz branca da pia e a amarela do teto eram brinquedinhos da superfestas flutuando na minha frente, e eu ia nadando morto-vivo com os olhos brilhando, do quarto com a cama quente e a minha mulher e ia, só ia sem sair daquela escuridão e já estava entre eletrodomésticos de plástico branco e um pano cheio de idéias crescendo com o fermento que levava ainda um... o que mesmo? A palavra “ainda” me traz alguma coisa desse elo lógico que falta pra que esse conteúdo expandido se aprume e se apresente. Agora é noite e só consigo lembrar do brilho dessa era minha comigo de ponta cabeça dançando no teto, descobrindo que a vida bonita é feita mesmo do avesso nesse espaço entre os dias. A MTV realmente tem uma programação interessante, com clipes bons de verdade e eu dancei ouvindo e vendo eles, mas não, não tem nenhum dia que tu ligue a televisão e esteja passando algo com mais conteúdo do que a Cicarelli tentando montar um quebra cabeça de 50 peças. Isso é legal, engraçado mas eu não paro aí e flutuo, vou mergulhando nesse álcool em gel que me embebeda de estrelas da madrugada e, no meio disso, minha avó acha tudo estranho mas dá risadas enquanto vai ao banheiro. Bem coisa do Fabrício flutuar na sala com um monte de farinha no rosto!
Se ela soubesse que era com minha boca que ia aumentando o tamanho da massa... em leves porem firmes mordidas em um papel amarelo escrito veneranda enquanto aquela coisa que eu não sei mais nomear ia andando comigo e deixava minha pele brilhando azul naquela ausência de preocupação, de distância entre os espaços. C´est ici a cozinha mas mesmo assim era a só um ou dois pulos grandes do mar vermelho e eu batia batia em alguma coisa que eu não via com meus braços tão tapados pelo saco amarelo colado no meu nariz e lábios. Quem imaginava em morder o saco? Aquele tijolo enorme até que era quentinho e ali deixei o meu pequeno saco de pancadas parado no morno enquanto ia escalando os puxadores dos armários, e cavava um buraco no chão do meu quarto com a vontade, sim, vontade substantivada em abridor de buracos. Eu provei um toque aveludado e calor com pintas e um sorriso meio sonolento grudado no meu travesseiro e era tão linda ela ali dormindo e crescendo bonita que eu peguei ela de novo nas minhas mãos e bati, bati e bati nela, espremi ela no chão de granito e passei um rolo em cima, tinha um óleo vermelho e pedaços assim de alguma coisa espalhados naquela massa disforme, tão estranho que eu fiquei preocupado e resolvi tirar aquilo logo da pedra, antes que começasse a cheirar mal e estragar. Foi difícil desgruda-la porque eu tinha batido demais nela e tinha aquele óleo escorregando por tudo. Nesse delírio eu podia ter facilmente vomitado e perdido o brilho das minhas mãos mas tratei logo de empacotar ela e mandar pro fogo. Pra comemorar dancei ao som de depeche mode lambendo o quadro das flores envelhecidas que se inclinava sobre o sofá maior, aquele pra três pessoas.
Um, dois, três, quatro, cinco, dez, onze, doze dedos. Ela deitava naquele tijolo frio, ela tão quente e eu tão frio nessa cozinha que já tinha virado um forno com aquele corpo atirado ao fogo e assando reto e torto e apertado numa travessa de aço velha e torta, cheia de manteiga e um resto de sanidade e noção da diferença entre as memórias e as percepções que acabaram com o mítico, adorado e cocainômano Patolino pulando desordenado na tela da televisão, me dando tapinhas nas orelhas e fugindo do síndico do hotel com o gaguinho nas costas, é claro, gaguejando e fazendo cara de pouquinho, o que ele faz de melhor. No ponto, a escuridão me abandonou e eu tirei o pão do forno. Quanto... tempo? Isso, tempo tinha passado e eu só sentia frio e felicidade e morria quase inteiro. Larguei o afeto que eu tinha assado na mesa, corri pros braços da minha mulher e pedi que, por favor, ela me abraçasse o dia inteiro e me aquecesse e me protegesse por, por favor por favor por favor do que a madrugada tinha deixado sobrar pro sol.

Fabrício Viscardi, primeiros olhares a madrugada de 14 para 15 de agosto de 2006.

Thursday, August 10, 2006

OMFG

A verborréia dessa madrugada foi despejada no meu flog.
Reproduzi-la-ei aqui:
O.M.F.G!!!
Se passa numa ilhazinha que sedia um torneio de karatê.
Comelou bem né?
Piora...

Amantes da sétima arte, desesperem-se, a globo rulou(e fudeu) geral:
AMERICAN NINJA 3 (Guerreiro Americano 3?!?!)
Filme tRash-mor.

-Herói tHrasher karateca de jaqueta jeans e tênis nike branco(pride)
GOD DAMN!

-Negão enorme karateca/wrestler/marine com botas de couro e jaquetão, não é o mr.T, mas quebra um galho
OWNS!

-Amiguinho espertalhão, engraçado e mulherengo, com voz "goofy", que obviamente morre na finalera
FUCKING AWESOME!

-Dublagem que faria a gotámágica e a álamo se envergonharem e pedirem perdão aos mestres do "fucker & sucker"

O FILME RLZ DEMAIS!!!

Intervalo com propagando da som livre, com melhores canções românticas por Nelson Gonçalves e Altemar Dutra PWNED!!!

São as piores lutas jamais ensaiadas, pra que fatiar alguém com um Kusari-Gama, passa-lhe rasteira!!!
Jogue flechas com as mãos!!!

O roteiro é indescritivelmente genial, sinto como se o céu tivesse se aberto e realmente tinha lá um cara barbudo: era uma mistura de Chuck Norris com a macheza e cara do Charles Bronson e ele dizia "- AWESOME MAN!"

Puxe a gola ao socar alguém, ALWAYS, já dizia Vini PPC, e o filme segue isso a risca.
Sério, É uma revelação apocalíptica, só pode ser.
COM MIL DEMÔNIOS, RAIOS E TROVÕES tr00 SODOMIZANDO, QUEIMANDO E GRATINANDO A TUDO E A TODOS, O QUE FOI ISSO?

Vi o filme inteiro e me sinto um zumbi master, pra fechar a sessão "3 dias de vida enclausurada", hoje eu saí na rua e o sol incomodava muito meus olhos!

Fechem suas janelas, tranquem-se em suas casas, as trombetas do apocalipse começaram a soar, segundo o intercine, ou a minha interpretação dele, pelo menos.

O vilão do filme se chama "Cobra"
OH MY FUCKING GOD!!!

Thursday, August 03, 2006

verborréia matutina

primeiro metal:
I still wanna whip some fucking ass
I still wanna whip some fucking ass
I still wanna whip some fucking ass
I still wanna whip some fucking ass
I still wanna whip some fucking ass
I WANNA WHIP SOME ASS!!!
I'LL OWN YOUR ASS!!!!!

agora mpb:
quero bater bem de levinho
nessa bundinha
de ipanema
lalala
lalala
lalala
lalala

agora rockzão:
hey babe, I wanna whip that ass of yours!
gonna whip it alright
gonna drive you insane

agora hip hop:
ô puta eu vou comer teu cu e depois te surrar a bunda
ou vice-versa
(melodia da candy shop do 50 cent, interminavelmente repetida de maneira insuportável e grudenta)

agora rap:
cê tem que tá ligado no contexto social
d'eu comer tua bunda e fazer um facial
ae mina, nóis semo da periferia...
(e daí perde o fio-da-meada e fica reclamando...)

samba, porque não?
nesta bundinha moreninha
eu vou bater até queimar...


tá tosco
são sete e meia
e eu ainda não dormi
por sinal
boa noite!